um processo dentro de um processo e eu ainda não acabei os algortimos parecem antecipar meus movimentos na verdade, os algoritmos não entendem nada as casas dos algoritmos são inabitáveis alguém deveria acionar a vigilância sanitária os algoritmos acumulam lembranças causam incêndios atraem peçonhas agouram desastres eu gosto das canções que os algoritmos sugerem mas, não, eles não entendem as canções das galáxias presumem que não as ouço porque não posso vê-las só posso adivinhá-las esperar por elas como se espera o fim de uma quarentena ora, direis, ouvir algoritmos!
pois é! sempre quebro a promessa de postar frequentemente, c’est la vie, só que fomos arremessades, sem qualquer aviso, numa situação de pouquíssimos precedentes na história moderna. em um tempo de olhares limitados pelo isolamento, de espaços tolhidos, de afetos transmitidos via live. não preciso dizer que a arte tem papel absolutamente fundamental na ressignificação do caos. por isso, começo hoje um experimento visual. a cada dia, procurarei capturar algum detalhe do meu confinamento, jogando com fotografia analógica (polaroids) e digital, na tentativa de desvendar outras possibilidades de horizonte.
…mas você não é poeta? por que fotografia?
porque poesia existe além de texto e página 🙂 as imagens analógicas desse primeiro dia de experimentos podem ser chamadas de erros, de fotos que não deram nem um pouco certo. o olhar confinado, para além de filtros e fotos posadas, não poderia ser também uma fotografia ruim, estourada, fora de foco, borrada, queimada? o que ainda é possível ver?
convido vocês a tentar descobrir comigo ❤
Repito a pergunta: o que ainda é possível ver no confinamento?
Beijos isolados,
Anna Clara
olhar do olhar, abismo olhando de volta, com base em foto do Edifício Copan tirada por Victor Moriyama